#46
És tu.
Neste tão pouco mas já tanto tempo, tens ocupado espaços e vais-te sobrepondo nas memórias que tenho de sítios, de cheiros, de sabores e de emoções.
És tu.
Sempre digo que estar contigo é estar de volta a casa. É mergulhar de novo numa espiral de emoções e sensações, que guardava tão bem fechadas no meu mundo. O tempo, esse mesmo que é tão pouco mas já tanto, tem sido teu cúmplice, mesmo sem que o queiras e sem que o saibas. Juntos, demonstram-me que não sei, e não quero, mudar uma vírgula dentro do peito, que o que tenho aqui por ti e para ti é também um pedaço de vida.
És tu.
Nas melhores horas dos meses vou colocando todos os pedaços de ti que consigo guardar e todas as gargalhadas que me provocas, sempre pelos motivos mais tolos.
Ficámos aqui. Entre fotografias emolduradas nas paredes, dois copos de vinho e conversa que dá sempre voltas até à Nova Zelândia (e por vezes ao quinto dos infernos, onde há bruxas e fantasmas). Em cada minuto das horas contigo carreguei a memória com mais histórias: de pessoas, de ti, de mim e de nós. “Fiz para ti”. E fizeste-me rir daquele lugar tão alto.
E continuo a seguir-te os saltos aqui dentro, algures no peito, entre as borboletas e o gafanhoto. Onde tenho a certeza: És tu.
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