#35



Era ali, exatamente ali que me escondia do mundo.

Acima, logo depois da curva do rosto, 
estava o sorriso maior que trazia guardado. 
Aquele que aprendi a rasgar quando chegavas 
e que comecei a deixar chorar quando me faltavas. 
Nunca to disse, pois não? 

Abaixo, logo depois do peito que te cabia na mão, 
estava um mar de borboletas. 
Ainda hoje não sei por onde entraram. 
Logo pediste que transformasse as borboletas em gafanhoto. 
Tenho medo de gafanhotos, tu sabes. O medo deixa-me inerte. 
Mas o gafanhoto eras tu, que me ficavas ali e me fazias bem.
Nunca to disse, pois não? 

A seguir, no meio de mim, estavamos nós. 
Éramos perfeitos quando éramos esse meu nós.
Enchia o gafanhoto de borboletas, 
rasgava o sorriso maior que me davas 
e de olhos nos teus fugia para o interior de mim.
Era ali que me escondia quando tu não estavas.
Nunca to disse, pois não?

Nunca to disse.
Que comecei a amar-te, 
sem saber por onde as borboletas entraram.









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