#38
Estava fechado.
Tinha curado as últimas feridas e estava absolutamente fechado.
Mas tu chegaste e eu desarrumei tudo de novo.
Desarrumei-me nas certezas que percebi que não tinha. Que não tenho.
Arranquei-o. Quis fazê-lo.
Falei-te de uma ou outra cicatriz e fiquei com ele aqui, nas minhas pequenas mãos, a vê-lo bater cada vez mais.
Neste tempo já tive que o coser. Sabes como faço?
Linha e agulha.
A agulha é sempre a mais fina que tenho.
A linha é transparente, para que não vejas os pontos.
Dou um por cada sorriso que me dás.
Quando chego ao final, faço o caminho inverso e dou um por cada sonho que tenho.
Um nó na ponta da linha e desinfecto com uma dúzia de lágrimas.
Tenho a certeza que não vês as cicatrizes novas. São pequenas.
Tenho a certeza que me vês apenas o brilho nos olhos e o coração nas mãos com tudo o que tem para ti.
Não quero voltar a guardá-lo cá dentro.
Quero apenas acreditar que vais ser capaz de o segurar.
E que não vais largá-lo nunca mais.
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