#40




(Na curva do tempo, 
adensa-se o medo de dizer-te 
tudo o que sinto)
Adormeço-me todas as noites
com os lábios fechados 
apenas para não perder 
uma-única-sílaba 
de tudo quanto quero 
escrever-te nos olhos.

Imagino-te dormido no meu colo
enquanto te repito, 
si-len-ci-o-sa-men-te, 
todo o Amor que cresce e transborda 
do avesso de mim.

Acho que nunca terei tempo suficiente 
para te contar os dias que me faltaste. 
Os anos. 
(A vida.)

Sonho-me diferente 
depois de ti. 
Imagino-me dentro do teu corpo, 
à procura de um canto 
onde eu possa 
aninhar-me e ficar.

Gostava que todas as minhas noites se colassem às tuas manhãs.
Gostava que me guardasses no peito 
quando estás de olhos abertos. 
Gostava que me percebesses 
tão frágil 
no que te entrego e que é tudo o que sou.

E que um dia essa casa 
(onde me imagino sempre a ser feliz) 
possa ter tudo lá dentro.
A ti, a mim.
Com tudo quanto trazemos 
e tudo o que caiba no nós.

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